O Projeto
O projeto itinerante Oca de Mani começou com uma pesquisa para uma série de documentários sobre a culinária amazônica e seus insumos, pela cineasta Zienhe Castro, que já havia produzido e dirigido o documentário “Ervas e Saberes da Floresta” (Prêmio Petrobrás). A pesquisa levou-a a conhecer em profundidade os melhores produtores da região e acordou o seu lado gastronômico, pois antes de seguir a carreira de cinema, Maria Zienhe Caramêz de Castro exerceu seus talentos de chef em seus restaurantes em Belém-PA.
Juntamente com seu parceiro roterista-fotógrafo Manoel Leite, iniciou em 2014 um período sabático de pesquisa e experimentação que começou no Peru, passou pela Argentina, percorreu parte da Europa, com destaque em Itália e Portugal, e veio pousar em Minas Gerais, onde a agora Maria Caramêz pôs enfim em prática este projeto, que pretende difundir a culinária amazônica, seus insumos e derivados, apresentando em grande qualidade o melhor dos seus pratos, trocando com as culturas anfitriãs – particularmente, no caso, a mineira – criando pratos onde o melhor dessas ricas culturas dialogam, contribuindo para uma culinária brasileira que fale como um todo e escape da restrição do regionalismo, sem desmerecer nenhuma cultura, ao contrário, valorizando seus potencias através da combinação deliciosa de seus tesouros.
Assim, além da apresentação para o povo mineiro do Tucupi, Jambú, Pirarucu, Filhote, Farinhas artesanais, Pupunha, etc., em pratos como o Arroz Caboclo e o Bolinho de Pirarucu empanado na farinha biscoito de Bragança, entre tantos outros, o diálogo com a culinária mineira produziu por exemplo o Pastel de Angu com Pato e Jambú, e o Risoto Paraense com Linguiça Mineira defumada (apresentados na Feira Aproxima), revelando todo o potencial dessa troca bem brasileira. Culturas que se trocam, que se somam, que crescem.
O projeto se pretende itinerante. Provisoriamente alojado em Belo Horizonte, que nos recebeu com amor e carinho, ele não possui lugar fixo, frequentando cozinhas de restaurantes parceiros, feiras gastronômicas e promovendo Jantares Secretos, sob encomenda, onde uma troca mais intensa se dá, com workshops de culinária paraense, exibição de filmes, ou last but not least, vivendo a experiência da degustação das preciosidades deste mundo exótico que é a Amazônia.
Um dia deveremos partir, pois nossa missão é levar na nossa mala (ou melhor, isopores…) o melhor dessa cultura para trocar com outros povos. Por enquanto, vamos vivendo e amando em BH, viajando pelas cercanias, aprendendo sempre, dando e recebendo. Muito gratos ao povo mineiro, que tão bem e generosamente nos acolheu!